Análise de redes sociais ao serviço da investigação

João Nascimento Gomes (*)
joao.nascimento.gomes@novabase.pt
www.linkedin.com/in/jmngomes

Introdução

Recentemente, tem-se assistido a um crescendo da cobertura mediática dada às redes sociais e à sua relevância no quotidiano. No entanto, o termo é muitas vezes utilizado de forma incorrecta, pelo que importa distinguir o conceito de “rede social” do de “serviço de rede social”, já que o foco deste artigo será sobre as técnicas e vantagens da análise de redes sociais.

As redes sociais são estruturas (sociais) compostas por entidades relacionadas entre si. As entidades podem ser pessoas, organizações, bens patrimoniais ou outro qualquer conceito. As relações podem ser vínculos profissionais (e.g. A é Técnico Oficial de Contas de B), contactos entre entidades ou, novamente, qualquer outro conceito. Na prática, as entidades e relações neste tipo de estruturas podem assumir qualquer significado semântico, dependendo do que se pretende analisar, já que qualquer tipo de informação relacional pode ser encarado como uma rede e, caso expresse relações humanas, como uma rede social. Para fins de análise e compreensão de comportamentos, virtualmente quaisquer grupos de entidades relacionadas podem ser encarados como redes, não se circunscrevendo às redes formadas por relações humanas. Como exemplos de redes sociais podemos considerar:

  • Redes de profissionais que colaboram entre si; um exemplo prático reside na comunidade académica, em que os cientistas podem ser vistos como entidades relacionadas pelos artigos que produzem em conjunto.
  • Redes de clientes de operadores de telecomunicações, relacionados pelas chamadas telefónicas que trocam.
  • Redes de branqueamento de capitais, em que as entidades são as instituições envolvidas e as relações podem ser representadas pelos fluxos de capital entre estas.
  • Redes de fraude “em carrossel” no IVA, em que as entidades são as empresas envolvidas no esquema de fraude e as relações são representadas pelas transacções comerciais entre estas.

Por outro lado, os serviços de redes sociais como o Facebook, LinkedIn ou StarTracker, são soluções informáticas que disponibilizam um meio de representação das redes sociais a que os seus participantes pertencem.

Apesar de não ser um tema recente, o estudo das redes sociais sofreu uma aceleração a partir dos anos 50, assumindo-se como um dos principais focos da Sociologia e debruçando-se sobre o estudo de sociedades sob a perspectiva das relações e interacções entre os seus membros, focando-se principalmente na compreensão de padrões de interacção observados em grupos ou comunidades.

(*) Consultor Sénior na Novabase, Professor Convidado na Faculdade de Engenharia da Universidade Católica Portuguesa, Membro do Observatório de Economia e Gestão de Fraude.