Page 267 - Revista do Ministério Público Nº 156
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O plástico, a nova praga ambiental Carla Amado Gomes
embalagens. Podem migrar para a pele por contacto e entram na corrente sanguínea, e aí são susceptíveis de induzir doenças cancerígenas. Quando descartados, contaminam solo, água e ar, e podem prejudicar a reprodução de animais como golfinhos e baleias.
2. A estratégia da prevenção
A omnipresença dos plásticos na vida quotidiana, a dimensão da indústria que lhes está na base, a dificuldade de encontrar alterna- tivas a todos os tipos de plásticos tecnicamente equivalentes e eco- nomicamente viáveis, estes factores contribuem para que a opção de erradicar em bloco o plástico seja, por ora, uma utopia. Numa lógica de redução gradual, a atenção está focada nos plásticos de uso único, ou seja, os materiais que são descartadas após uma única utilização. Dos polímeros utilizados no fabrico de plásticos de uso único destacam-se os de tipo PET, PEAD, PEDB, PP, PS e PSE, ou seja, potencialmente recicláveis. Estes plásticos de uso único são sobretudo produzidos no nordeste da Ásia (26%), na América do Norte (21%), no Médio Oriente (17%) e na Europa (16%)[13]. O facto de serem potencialmente recicláveis do ponto de vista técnico não significa, porém, que a reciclagem seja financeiramente interessante — o que agrava a sua dimensão lesiva, uma vez que permanecem no ambiente sob a forma de resíduos. É em relação a estes que mais se justifica a palavra de ordem que está no topo da pirâmide de escolhas dos princípios da economia circular: prevenção, ou seja, o abandono da sua produção.
Com efeito, na equação custo-benefício que pondera: entre os custos de manter estes plásticos desde que com a devida reciclagem
[13] Cfr. Single-use plastics: a road to sustainability, cit., p. 4.